Onde se localizava o território dos Tocarijus?
O território dos Tocarijús segundo os escritos do Padre Luis Figueiras, tratavam-se da região de litígio entre as capitanias do Ceará Grande com a do Rio Grande, Essa antiga rota da Serra Grande tinha seu início em cima da Serra da Ibiapaba, na porção sul do antigo território da Capitania do Siará Grande, e se estendia em direção ao território da antiga Capitania do Rio Grande na divisa dessas duas capitanias.
Desse ponto rumava em direção ao oeste da mesma serra pela antiga ladeira Carnaubal, atual Estrada da Pedra, que liga os Estados do Ceará e Piauí, seguindo adiante na direção oeste e passando pelos atuais sertões piauienses, até chegar o leito do Rio Parnaíba, na atual divisa entre o Piauí e o Estado do Maranhão — naquela época, o território descrito como sendo da Rota da Serra Grande tratava-se de terras das Capitanias do Siara Grande e do Rio Grande pois o território da Capitania do Piauí só passou a existir no ano de 1621, 13 anos depois das estadias dos padres na Ibiapaba, de acordo com o relato de Carlos Studart Filho, em “A Capitania do Piauí”, publicado na Revista do Instituto do Ceará, nº. LXXX,página 113.
Esse território tratava-se de uma rota que esses indígenas habitavam e costumeiramente a usava se deslocando da Serra da Ibiapaba para o antigo território da Capitania do Maranhão. .
As Hipóteses sobre a localização do território Carnaubalense em relação aos escritos de Figueira.
A Primeira hipótese – que as terras que eram atribuídas no inicio do século XVII – 1608 – como sendo habitadas pelos Tocarijus faziam parte do território cearense, e não do Rio Grande como afirmara o Pe. Luis Figueira. Logo, os Tocarijus habitavam também o território cearense e estes devem ser incluídos na lista dos indígenas cearenses.
A Segundo hipótese – que as terras que eram atribuídas no inicio do século XVII – 1608 – como sendo habitadas pelos Tocarijus faziam mesmo parte do território da antiga Capitania do Rio Grande “Do rio Grande, que he a ultima povoação dos portugueses, ao maranhão são passantes de terzentas.
legoas, todas povoadas de tapuyas selvagens, que são tantos que não tem conta(...)” Carta de Luiz Figueira sobre as dificuldades da Missão do Maranhão, Revista do Instituto do Ceará, vol. 17. p.139..
Nesse escrito o Pe. Figueira deixa claro que as terras onde os Tocarijus ou Cararijus habitavam eram terras que pertenciam a Capitania do Rio Grande. Logo as terras carnaubalense faziam parte da Capitania do Rio Grande ou no mínimo os limites entre estas duas Capitanias Siará Grande e Rio Grande davam-se dentro do atual território do município de Carnaubal.
A Terceira hipótese – é que território do município de Carnaubal se localizava entre as duas Capitanias do Siará Grande e Rio Grande e que com a reorganização dos citados territórios no ano de 1621, feito pela Coroa portuguesa as terras que os Tocarijus habitavam levando em consideração os escrito do Diário Matias Beck. Conforme se lê na citação que se segue:
“pois há noticias deles habitando o riacho das Tabocas14 e o inuçu, sobre a Ibiapaba, nos atuais limites do Ceará com o Piauí” – Raimundo Girão, Historia economica do Ceará, 2.ª edição, 2000, obra cit., Carlos Sturdat Filho, Revista do Instituto do Ceará, Vol. 55, p. 90, obra cit., Estevão Pinto, vol. 1. p. 136.
A dita rota do da Serra Grande se dava mesmo no território carnaubalense. E parte das terras que pertenciam a Capitania do Rio Grande passaram a pertencer a Capitania do Ceará e uma parte e outra da Capitania do Rio Grande passou a pertencer a recém criada Capitania do Piauí em relação a parte meridional pois a parte setentrional fora desmembrado do território do Ceará conforme Carlos Studart Filho “Apenas uma área mui restrita do atual território piauiense integrou o estado do Maranhão, Quando êste se constituiu, em 1621 e, ainda assim, de maneira indireta, porquanto as aludidas terras pertenciam ao Ceará, cujos limites ocidentais alcançavam, então o rio Parnaíba.” Carlos Studart Filho - A Capitania do Piauí, publicado na Revista do Instituto do Ceará. N.º LXXX. P. 113.
Como se vê no mapa abaixo.
Essas hipóteses são deduzidas do escritos do referido Pe. Figueiras quando segundo este, da aldeia do Diabo Grande para o Local onde ocorreu o assassinato do Pe. Francisco Pinto era de 12 léguas de distancia. Conforme se lê na citação que se segue:
“já saído da aldeia do Diabo Grãde não quiserão tornar atras como eu queria e persoadia ao P.e enfim há poucos mais a diãte donde estávamos 12 leguas da aldeia, roçaram todos e fizerão casas onde o nosso mantim.to era palmitos e hus cocos cujos miolos são como bellotas na feição mas m.to secos e difficultosos emgolir senão emquanto são tenros, e quãto a farinha tinhamo-la p. relíquias, e sem outro cõduto mais q’ de quãdo em quãdo alguns peixinhos e por grãde festa huas favas secas cosidas sem azeite, nem vinagre, nem sal, muitas vezes desejávamos hua porção que os nosso negros comem nos collegios, mas não dexavamos de fazer b.o rosto a estas faltas lembrandonos q’ outros padres irmão nossos noutras partes do mundo os passariam tãbem alegremente por amor a Deus.” Padre Luís Figueira, Relações do Maranhão, Revista do Instituto do Ceará, vol. 17. p.110.
Do local do onde ocorreu o Assassinato do Padre Francisco Pinto, segundo o Pe. Luis Figueira para o local da aldeia dos Tocarijus ou Cararijus a distancia eram de 15 à 20 léguas. Conforme se lê na citação que se segue:
“Daqui serião como 15 ou 20 legoas a terra dos tapuyas chamados cararijus.” Padre Luís Figueira, relações do Maranhão, Revista do Instituto do Ceará, vol. 17. p.110
De certo analisando os adminículos deixados por Figueira nos seus escritos sobre nossa proto-história. Tais escritos nos dão segurança em afirmar que o território em questão antes da reorganização do território das capitanias hereditárias, de certo eram terras habitadas pelos tocarijus e de certo também que estas eram terras pertencentes à Capitania do Ceará antes ou depois da dita reorganização das terras do Brasil colônia.
Um comentário:
Legal gostei muito!!
eu também sou Fontenele, e nasce em Carnaubal
Postar um comentário